domingo, 5 de janeiro de 2014

Um olhar para população em situação de rua



Vigora muito no senso comum devido as nossas heranças de existências transatas e que a antropologia chama de heranças sócio culturais, que é a leitura de que a pobreza é problema de caráter, desta forma vemos uma pessoa em situação de rua e o denominamos  ou rotulamos de "vagabundos" que não querem trabalhar.
Mas se nos detivermos uma leitura sob o olhar sociológico iremos perceber que este problema histórico esta estritamente ligado a contradição do capital versus trabalho, vivemos em um mundo capitalista que alimenta nossas ilusões de liberdade, ilusões de liberdade pois encontramos em anúncios de emprego o dizer "Salario a combinar"; Mas quem combina e negocia sua força de trabalho? Quem determina o valor da sua força de trabalho?
Ignoramos que a miséria  funciona como um  forte elemento constrangedor e  e ou opressor que o capitalismo usa para que pressionemo-nos a submeter a sua vontade, ao preço que nos determinam, e este elemento leva-nos a conformarmo-nos com a exploração, com nome das metas de produção e execução do trabalho.
Nossa impontualidade tem um preço, milhares de acerto e um bom desenvolvimento se dilui ante um erro, uma posição a mais já é suficiente  para que o explorado se torne um explorador do trabalho do outro que beneficia o dono do Capital.
Se torna necessário ter o que Karl Marx chamou de força industrial de reserva, para que os salários continuem baixo, estimula em beneficio próprio a competição, então tem sempre alguém buscando o lugar de outro, sempre mais alto sempre mais lucro...
Para que alguns poucos lucrem e a maioria sustente este pouco é necessário que haja a manutenção da pobreza e da miséria...
Se nos detivermos a olhar as grandes cidades e mapear as ações sociais realizadas, iremos nos aperceber que existe uma fronteira invisível criando um muro de ações que situam a exclusão do pobre aos ditos bairros nobres, nesta fronteira, aperceba-se quantos projetos sociais existem, enquanto que na zona periférica há uma grande ausência destes projetos, salvo algumas poucas exceções, pois o pobre está no lugar do pobre, mas se estiverem nos centros passam a ser um problema, sujam a cidade, enfeiam os cartões postais e se faz necessário higienizar a cidade, tira-los dali, porque pessoas normais se incomodam com a presença deles, esquecendo que são pessoas humanas, não querem ver o que acham que é feio, para muitos é melhor a hipocrisia de uma sociedade perfeita do que agir para mudar positivamente a cidade e o País onde mora.
Hoje vivemos um crescimento grande da População em situação de rua que tem causas sociais intrinsecamente  legado a falta de investimento em saúde publica...
Ao contrario do que se pensa que o Crack é maior fator que contribui para o crescimento desta população é um ledo engano, pois quem causa o maior rompimento dos laços familiares pela dependência química é o alcoolismo, droga licita que faz parte de nossas convenções sociais e que é estimulada por propagandas e por nossa cultura de auto afirmar nossa identidade e independência, do uso intermitente ao uso constante, e causando conflitos familiares e posteriormente o rompimento de laços, que para o publico masculino é difícil de ser transposto, se mostrando por meio de dados levantado a esta população de sua maioria masculina.
Outro fator além do social e de saúde publica , são nossas heranças espirituais ou sócio culturais de ancestralidade indígena, onde ter o necessário para   sobreviver e manter-nos vivos e desfrutar da liberdade da natureza, não submetendo-nos a sociedade de consumo e acumulo de bens, faz com que se revelem através de algumas posturas facilmente encontrada.
O que faz com que muitos de nós interpretem como um problema, pois a maioria da sociedade gasta a vida trabalhando para juntar bens que não desfrutam, pois somos escravizados pelo tempo e pela correria.
Corremos para descansar...
Corremos mesmo estando descansando...
Gastamos a vida e a saúde para ganhar dinheiro, e no momento de nossa aposentadoria, gastamos o que acumulamos para recuperar um resto de vida.
E isso tudo nos parece tão normal...
Como espiritas devemos compreender esse fenômeno, chamado população em situação de rua e atuar socialmente na educação da infância e juventude para  que entrem na sociedade e tragam em suas atitudes de um novo norte, uma nova perspectiva, e junto a esta população promovendo-a socialmente sem promover a "manutenção da pobreza", tema de nosso próximo texto.

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